Testemunho: a caminhada do Nuno e da Ana

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A caminhada do Nuno e da Ana


O começo

Quando achámos ser a altura certa de ser pais, em 2014, falámos da intenção aos respectivos médicos de família, para fazer os exames e análises necessários, dos quais não surgiu nenhum problema. À medida que nos adaptámos à ideia de ter um filho, o tempo foi passando e não surgiu a gravidez esperada. Nesta fase, não estávamos ainda muito preocupados/ansiosos, mas passamos a ser rigorosos no controlo do período fértil. O resultado não se alterou, o teste de gravidez continuou por usar. Procuramos ajuda especializada, eu em urologia e a Ana em ginecologia. Fiz o primeiro espermograma em Maio/Junho de 2016 e foi aí que soubemos que havia problema de origem masculina. O resultado indicou azoospermia, palavra que até então desconhecia, e foi o primeiro murro no estômago. Com a Ana apenas foi detectado um pequeno mioma uterino, na altura sem importância de maior. Fiz outros exames, no sentido de encontrar a origem do problema, que pode ser azoospermia secretora ou obstrutiva. Sendo a secretora a mais grave, a minha esperança era, nesta fase, ouvir do médico que era obstrutiva. Mas não foi o caso, era mesmo secretora. Foi-me receitado um suplemento hormonal durante seis meses. Neste período, as nossas esperanças vão-se canalizando para o passo seguinte, esperar que o suplemento venha a dar resultados. Fomos tentado durante estes seis meses, sempre sem resultado. Fiz novo espermograma, mas infelizmente o resultado foi o mesmo.

A primeira consulta de PMA

Conseguimos a primeira consulta em PMA, na maternidade Júlio Dinis, em Janeiro de 2017. Repetiram-se os exames, repetiu-se o diagnóstico. Foi proposto, como passo seguinte, a biopsia testicular, basicamente a última possibilidade de encontrar espermatozóides no testículo. Os raros vestígios encontrados não permitiram recurso a técnicas de PMA (FIV ou ICSI). Esta intervenção foi bastante dolorosa fisicamente no pós-cirúrgico e psicologicamente, porque foi a confirmação da impossibilidade de vir a ter filhos biológicos. Estávamos em Junho de 2017.

Todo este percurso de frustrações, novas esperanças, novas frustrações, foi-se mantendo entre os dois, com a expectativa de vir a haver uma saída positiva. Não houve apoio psicológico, houve mínima partilha com familiares e amigos, sempre com secretismo.

Recurso a doação de gâmetas

O passo seguinte foi tentar o recurso ao banco público de gâmetas para, por via de FIV, tentar a tão esperada gravidez, mantendo desta forma a informação genética da Ana. Nova esperança aberta, nova expectativa…nova dificuldade! O banco público de espermatozóides é insuficiente para os pedidos pendentes, pelo que ficamos em lista de espera a aguardar.

Entretanto, neste caminho houve lugar a diagnóstico de endometriose após remoção de um segundo mioma uterino. Houve o fim do anonimato dos dadores de gametas, que nos trouxe mais dificuldades no acesso ao banco e só no final de 2019 conseguimos iniciar o primeiro ciclo de tratamentos, que terminou sem sucesso.

Onde estamos agora

Pouco depois surge a pandemia. Durante a pandemia surge um problema de saúde que afectou a Ana e está ainda em avaliação a segurança de recomeçar os tratamentos, mas desta vez no privado, porque a demora das listas de espera de acesso ao banco público de gametas e a nossa idade não correm a nosso favor.

Tem sido uma jornada de fortalecimento da nossa capacidade de reagir a notícias desfavoráveis, todo um percurso de obstáculos complexos. Sinceramente não consigo estimar o quanto isto já nos mudou como pessoas, mas a relação tem sido reforçada a cada etapa de insucesso! Tentamos focar-nos no lado bom da vida, passear, ter hábitos saudáveis de alimentação e desporto, dar valor a pequenas coisas e momentos efémeros.

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