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Falhas de Implantação – O que são e quais as principais causas

Artigo escrito por Dra Marta Osório, médica ginecologista da Clínica Ginemed


O que é a falha recorrente de implantação?

A implantação é um passo crítico na reprodução humana. Começa com a invasão do embrião através da camada que reveste a cavidade uterina, o endométrio, e termina quando o embrião produz um saco gestacional dentro do útero.
A implantação é considerada bem-sucedida, quando na ecografia é visível um saco gestacional intrauterino, normalmente pelas 5 semanas de gestação ou 2-3 semanas após a transferência do embrião. Neste caso, chama-se de gravidez clínica.

Quando a Gonadotrofina Corionica Humana (hCG), produzida pelo embrião, é detetada no sangue ou na urina, mas o processo é interrompido antes da formação de um saco gestacional intrauterino, chamamos gravidez bioquímica.

O termo falha de implantação usa-se para descrever doentes que nunca tiveram sinais de implantação, isto é nunca tiveram valores positivos de hCG, e doentes com valores positivos de hCG mas sem evidência de saco gestacional na ecografia.

Assim, uma gravidez bioquímica inclui-se nos casos de falha de implantação.

O termo falha recorrente de implantação é aplicável apenas a doentes submetidas a FIV e define-se por falha em obter gravidez clínica após várias transferências de embriões considerados de boa qualidade.

O número de transferências mal sucedidas, para que se considere falha recorrente de implantação, depende de caso para caso, sobretudo da idade da mulher. Habitualmente considera-se o diagnóstico de falha recorrente de implantação após a transferência de 4 embriões de qualidade, em pelo menos 3 ciclos de transferência de embrião a fresco ou congelado.



Quais são as principais causas da falha recorrente de implantação?

 

O sucesso da implantação depende da competência do embrião, da recetividade do útero e do diálogo entre o embrião e o útero. Se alguma destas etapas não for bem-sucedida, estaremos perante uma falha de implantação.

A causa mais frequente está relacionada com o embrião. Um embrião com anomalia cromossómica, por exemplo, pode ter um desenvolvimento adequado até ser transferido para o útero. A má qualidade dos espermatozoides, com DNA fragmentado, pode também ser responsável por alterações no DNA do embrião, não detetadas até o dia da transferência. Por esse motivo, o embrião quando é transferido pode ser considerado de boa qualidade e na realidade não o ser. A seleção natural, nesse caso, ocorre após a transferência embrionária.

A recetividade do útero ao embrião pode ser influenciada por vários fatores, nomeadamente pela presença de miomas, pólipos, aderências ou infeções uterinas (endometrite), presença de líquido nas trompas, endometriose, adenomiose, doenças autoimunes como o lúpus e a artrite reumatoide, trombofilias hereditárias, síndrome antifosfolipídico ou alterações hormonais. A maioria destas situações pode ser detetada, corrigida ou melhorada antes do primeiro tratamento de FIV.

Em casos bem menos comuns (<5%), é o diálogo entre o embrião e o útero que não corre bem. Numa gravidez normal, as células imunitárias uterinas maternas respondem a[vamente aos an[génios fetais, promovendo a tolerância imunitária materno-fetal. A invasão das células do embrião é regulada pela uma interação específica KIR -recetores do tipo imunoglobulina killer maternos expressos por células Natural Killer uterinas- e HLA-C -antigénio C dos leucócitos humanos fetais-. Uma alteração nesta regulação pode conduzir a falha de implantação.

A idade avançada, a obesidade, o tabagismo, a má alimentação, o sedentarismo, do homem e da mulher podem também influenciar negativamente todas as etapas do processo reprodutivo.

Em resumo, a Falha Recorrente de Implantação é um problema complexo com uma grande variedade de etiologias e mecanismos, bem como de opções de tratamento. As recomendações para estas doentes variam consoante a origem do seu problema. A melhor resposta é a medicina personalizada, uma abordagem pessoal a cada doente em função do seu conjunto único de características. Não existe apenas uma opção de tratamento, mas muitas, consoante a causa do problema.

 


 

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