Quando estamos a tentar engravidar, é normal querermos saber se estamos a ovular. A ovulação consiste na libertação de um óvulo maduro, dos ovários, pronto a ser fecundado. As mulheres nascem com todos os óvulos que irão usar pela vida. Existem cerca de 1-2 milhões de óvulos à nascença e quando chegam à puberdade têm cerca de 300.000 óvulos. Em cada ciclo menstrual, vários óvulos começam a crescer dentro dos folículos, mas apenas 1 vai amadurecer e ser libertado pelo ovário – processo chamado ovulação – enquanto que muitos outros óvulos vão degenerar. Após ovulação, o folículo transforma-se em corpus luteum e o óvulo sobrevive cerca de 24 horas, altura em que pode ser fecundado.
Ao mesmo tempo, o muco cervical fica menos espesso, permitindo aos espermatozóides nadar mais facilmente até ao óvulo. E o endométrio, fica mais espesso, pronto para receber o óvulo fecundado.
Os espermatozoides sobrevivem até 5 dias dentro do sistema reprodutor feminino. Por isso, dizemos que a existem cerca de 6 dias por mês em que a gravidez é possível – o dia da ovulação e os 5 dias antes. Este tempo chama-se a Janela da Fertilidade.
Todos os meses, se o óvulo não for fecundado, o endométrio descama e dá-se a menstruação.
Existem dois ciclos que funcionam em simultâneo e de forma inter dependente um do outro:
Ciclo |
Pré ovulação | Ovulação | Pós ovulação | |
Ovárico |
Fase folicular |
Fase luteínica |
||
Uterino | Menstruação | Proliferativa |
Secretora |
O funcionamento dos ciclos depende de hormonas (como na imagem abaixo) e do eixo hipotalâmico-pituitário-gonadal (HPG).
A hormona libertadora de gonadotropina (GnRH), é segregada a partir do hipotálamo. A porção anterior da glândula pituitária produz hormona luteinizante (LH) e hormona folículo-estimulante (FSH), e as gónadas (ovários e testículos) produzem estrogénio, progesterona e testosterona .
As hormonas aumentam e diminuem ao longo do ciclo para permitir o crescimento e maturação dos gâmetas (óvulos e espermatozoides), fecundação, implantação e crescimento saudável do embrião.
Antes da ovulação, existe sempre um pico de estrogênio produzido pelos ovários, que dá indicação ao hipotálamo que o óvulo está quase pronto para ser libertado. O hipotálamo envia esta mensagem à glândula pituitária que começa a produzir hormona LH e FHS. Este pico faz com que se dê a última fase de maturação do óvulo, e posteriormente a ovulação.
Após ovulação, o folículo degenera em corpus luteum e começa a produzir progesterona, responsável por preparar o útero para a implantação do embrião.
Para monitorizar a ovulação, podemos avaliar os nosso valores hormonais, ou certos sinais que ocorrem em consequência dessas alterações hormonais.
Os métodos podem ser classificados como:
Todos os métodos têm vantagens e desvantagens, e fornecem informação importante sobre o nosso corpo. Métodos mais comuns:
A consistência do muco cervical varia durante o ciclo.
Este método implica a observação do muco todos os dias para que possa ser comparado. Pode ser examinado o muco que se encontra externamente na vulva ou o muco intravaginal.
Na altura da ovulação, o muco torna-se menos espesso e mais elástico, para permitir a fácil mobilidade dos espermatozoides. Normalmente descrito como clara de ovo crua.
Podes aprender mais sobre muco cervical no Episódio 2 de Podcast com a Enfermeira Vanessa Machado.
Este método consiste em medir a temperatura basal, de manhã, antes de qualquer actividade. A temperatura pode ser medida via oral, rectal ou vaginal.
A temperatura basal muda ao longo do ciclo, dependendo dos níveis de progesterona. Durante a fase folicular, a temperatura é baixa, até aproximadamente 1 dia antes da ovulação quando chega ao ponto mais baixo (nadir).
Após a ovulação, o corpus luteum produz progesterona e a temperatura aumenta durante a fase lútea. No final da fase lutea, quando o corpus luteum começa a regredir, e os niveis de progestrona diminuem, a temperatura volta aos valores mais baixos, ½ dias antes ou mesmo no começo da menstruação. Como não podemos identificar o valor mais baixo (nadir) sem sabermos o ponto alto seguinte, só podemos identificar ovulação depois desta ter ocorrido.
Existem ainda outros factores que podem afectar este método:
Por estas razões, este método não é um bom indicador da Janela Fértil. Mas é um bom indicador de gravidez: quando a temperatura aumenta e se mantem elevada por 18 ou mais dias, é um indicador de gravidez.
Monitorizar a hormona LH na urina é o método mais eficaz de identificar a Janela Fértil, uma vez que ovulação não pode ocorrer sem o pico desta hormona. A hormona começa a ser produzida entre a meia noite e as 7 horas da manhã, cerca de 35-44 horas antes da ovulação. O pico de LH é 10-12 horas antes da ovulação. A hormona LH estimula a fase final de amadurecimento do óvulo e a libertação do óvulo do folículo para as Trompas de Falópio.
Esta hormona encontra-se em circulação na corrente sanguínea, e após filtração renal, pode ser detectada na urina. Existem tiras que dão um sinal positivo (por exemplo Clearblue) quando o nível de hormona LH na urina atinge um determinado nível, normalmente 30mIU/ml. Este método resulta para a maioria das mulheres. No entanto, estudos indicam que algumas mulheres têm valores de pico de LH abaixo de 30mIU/ml, e outras têm valores basais acima de 30mIU/ml (por exemplo, com síndrome de ovários policísticos). Nestas situações, avaliar a hormona LH na urina com tiras não é suficiente para identificar a Janela Fértil.
Qual a solução nestas situações?
Bem, estudos indicam que valores pico de LH podem variar entre 15 e 100 mIU/ml, e que não são necessários valores muito altos para estimular a ovulação – um aumento de 2.5 vezes o teu valor basal é suficiente! Por isso, é importante saberes que valores são normais para o teu corpo!
Em vez de um sinal positivo ou negativo, podes identificar o teu valor exacto de LH usando Mylo. Este teste identifica valores exactos, e consegues verificar a curva de LH ao longo do ciclo num gráfico.
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